Há quem diga que ser mãe hoje em dia é mais desafiador do que nas gerações anteriores. Há quem diga o contrário. Ambas estão certas, pois lidar com a maternidade por si só já é um desafio. Independente da época, ser uma mulher segura, confiante, exemplar e que “dá conta do recado” é uma utopia. Não importa sua origem ou classe social, ser mãe é viver oscilações. Inseguranças, ansiedades, medos e dúvidas são a realidade para o papel de cuidar, nutrir, dar afeto e educar uma criança. Nenhum bebê nasce com um manual de instruções.
Eu já deixo claro neste texto que jamais vivenciarei o que uma mulher, sendo mãe ou não, experienciará na vida. Entretanto, trabalho sempre tentando compreender o que está ao meu alcance da empatia e estudos. Com isso, identifico que ser mãe no século XXI diz mais sobre a nossa rotina e expectativas do que a criação específica que você escolhe para seus filhos. É você se desdobrar em 20 para “dar conta do recado” quando tem que trabalhar, ir ao mercado, organizar suas coisas, cuidar dos seus filhos e, além disso, cuidar de si. São demandas que não acabam e reiniciam todos os dias.
Ser mãe na contemporaneidade é tentar dar conta das expectativas e responsabilidades envolvidas na sua vida e na das crianças, mesmo quando o seu marido colabora e vive junto a caminhada. Um bom marido não ajuda, faz o que deve ser feito, porque isso também é responsabilidade dele. Já no caso de uma mãe-solo, encontramos mais desafios ainda.
Por isso trago, neste texto, que ser mãe é um papel que compete contra o ritmo insano da vida contemporânea. Precisamos repensar no que a pressa, a falta de paciência e o desejo pelo silêncio representa na vida de todas elas.
Será que não estamos indo longe demais, colocando tanto peso nas costas de quem está criando a próxima geração? Será que não conseguimos ter mais compaixão no mundo corporativo, para flexibilizar de acordo com as necessidades das mães? O que vale mais: a vida de uma família ou o faturamento ao final do mês? Este texto não é apenas para as mães, mas para todos aqueles que convivem com mulheres incríveis, que desempenham esse papel em um contexto que, ao invés de aliviar o peso, pressiona para que sejam “perfeitas”. Ser mãe na contemporaneidade significa lutar para ter a sua vida e a de sua família dignificada.